DEMANDA POR MOEDA NO BRASIL NO PERÍODO 1996 A 2008: UMA ESTIMAÇÃO EM SÉRIES TEMPORAIS
RESUMO
A proposta central deste trabalho é discutir e estimar a formação da demanda por moeda no Brasil. A discussão sobre demanda por moeda desponta ainda com os economistas clássicos, que buscavam explicar as razões pelas quais as pessoas mantinham ativos monetários, passando por Keynes, Friedman, Tobim e Baumol. Inicialmente são explicitadas as diferentes contribuições sobre demanda por moeda, em seguida são apresentados alguns trabalhos empíricos, e, por último são enfatizadas as relações utilizando-se de modelos econométricos, investigando a demanda por moeda no Brasil para o período
Palavras chaves: Demanda por moeda. Co-integração. Séries temporais. Estacionariedade. Modelo Tobin-Baumol.
1 INTRODUÇÃO
Desde os economistas clássicos discute-se quais fatores seriam preponderantes para a procura por moeda por parte dos agentes econômicos. Entender o comportamento da demanda por moeda é fundamental para a elaboração de política monetária. A autoridade monetária exerce sua influência sobre a oferta de moeda, mas para saber a “dose” exata de alterações nesta, visando a consecução de seus objetivos, é preciso conhecer a curva de demanda por moeda. Neste sentido, diversos modelos de demanda por moeda têm sido testados empiricamente e adotados pelos bancos centrais de diferentes países.
A discussão sobre demanda por moeda desponta ainda com os economistas clássicos, que buscavam explicar as razões pelas quais as pessoas mantinham ativos monetários se elas poderiam ganhar juros aplicando em ativos financeiros. Os clássicos definem dois grupos de explicação: o motivo transação e o motivo precaução. O motivo transação trata da necessidade de reter moeda devido a ausência de coincidência entre os momentos de recebimento e pagamento pelos agentes econômicos; o motivo precaução enfatiza a necessidade de retenção de moeda pela imprevisibilidade de despesas. Assim, quanto maior for à renda de um país, maior será a necessidade de possuir moeda para satisfazer os motivos transação e precaução. Keynes, mais tarde, introduziria mais um importante motivo para a demanda por moeda: o motivo especulação. Pelo motivo especulação, os agentes econômicos levariam em conta a variação da taxa de juros na decisão de reter ou não moeda.
Este presente trabalho, inicialmente, apresenta a síntese das principais teorias a respeito da demanda por moeda. Além das versões clássicas e de Keynes, discute-se a teoria quantitativa da moeda, na versão revista por Milton Friedman, e também o modelo Tobin-Baumol.
O objetivo central deste trabalho é propor um modelo de estimação para a demanda por moeda no Brasil para o período
A pesquisa empírica adota dados trimestrais desde o primeiro trimestre de 1996 até o terceiro trimestre de 2008. As series temporais utilizadas, disponibilizadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), são levantadas sistematicamente por diferentes instituições, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Banco Central do Brasil e a Fundação Getúlio Vargas.
No capítulo seguinte serão brevemente revisadas as principais teorias a respeito da demanda por moeda. Em seguida discutem-se resultados empíricos encontrados por diferentes autores para a modelagem da procura por moeda. O capítulo 4 apresenta os modelos selecionados e os resultados da estimação e, por fim, apresenta-se as considerações finais no capítulo 5.