sexta-feira, 26 de junho de 2009

DEMANDA POR MOEDA NO BRASIL NO PERÍODO 1996 A 2008: UMA ESTIMAÇÃO EM SÉRIES TEMPORAIS

MONOGRAFIA.

RESUMO


A proposta central deste trabalho é discutir e estimar a formação da demanda por moeda no Brasil. A discussão sobre demanda por moeda desponta ainda com os economistas clássicos, que buscavam explicar as razões pelas quais as pessoas mantinham ativos monetários, passando por Keynes, Friedman, Tobim e Baumol. Inicialmente são explicitadas as diferentes contribuições sobre demanda por moeda, em seguida são apresentados alguns trabalhos empíricos, e, por último são enfatizadas as relações utilizando-se de modelos econométricos, investigando a demanda por moeda no Brasil para o período 1996 a 2008.


Palavras chaves: Demanda por moeda. Co-integração. Séries temporais. Estacionariedade. Modelo Tobin-Baumol.


1 INTRODUÇÃO


Desde os economistas clássicos discute-se quais fatores seriam preponderantes para a procura por moeda por parte dos agentes econômicos. Entender o comportamento da demanda por moeda é fundamental para a elaboração de política monetária. A autoridade monetária exerce sua influência sobre a oferta de moeda, mas para saber a “dose” exata de alterações nesta, visando a consecução de seus objetivos, é preciso conhecer a curva de demanda por moeda. Neste sentido, diversos modelos de demanda por moeda têm sido testados empiricamente e adotados pelos bancos centrais de diferentes países.


A discussão sobre demanda por moeda desponta ainda com os economistas clássicos, que buscavam explicar as razões pelas quais as pessoas mantinham ativos monetários se elas poderiam ganhar juros aplicando em ativos financeiros. Os clássicos definem dois grupos de explicação: o motivo transação e o motivo precaução. O motivo transação trata da necessidade de reter moeda devido a ausência de coincidência entre os momentos de recebimento e pagamento pelos agentes econômicos; o motivo precaução enfatiza a necessidade de retenção de moeda pela imprevisibilidade de despesas. Assim, quanto maior for à renda de um país, maior será a necessidade de possuir moeda para satisfazer os motivos transação e precaução. Keynes, mais tarde, introduziria mais um importante motivo para a demanda por moeda: o motivo especulação. Pelo motivo especulação, os agentes econômicos levariam em conta a variação da taxa de juros na decisão de reter ou não moeda.


Este presente trabalho, inicialmente, apresenta a síntese das principais teorias a respeito da demanda por moeda. Além das versões clássicas e de Keynes, discute-se a teoria quantitativa da moeda, na versão revista por Milton Friedman, e também o modelo Tobin-Baumol.


O objetivo central deste trabalho é propor um modelo de estimação para a demanda por moeda no Brasil para o período 1996 a 2008, utilizando-se de dados trimestrais. Para tanto, diferentes equações baseadas nas teorias revisadas são testadas empíricamente e comparadas. Testar empiricamente um modelo de determinação de demanda por moeda, por mais simples que seja o modelo, trás grandes dificuldades em sua aplicação, especialmente dificuldades de caráter conceitual. Como mensurar a demanda por moeda, visto que é uma variável não observável? No conceito de moeda deve-se adotar qualquer tipo de meio de pagamento? E a taxa de juros a relacionar-se com a moeda deve ser de longo prazo ou de curto prazo? No presente trabalho optou-se em utilizar os meios de pagamento de alta liquidez, o conceito M1 do Bacen, seguindo Chow (1966), que utilizou este conceito de oferta monetária, partindo do suposto equilíbrio no mercado monetário. No caso da taxa de juros, que possui uma relação negativa com a demanda por moeda, é testada a taxa de juros de longo prazo (TJLP). Os resultados das regressões em séries temporais apontarão o modelo mais apropriado para previsão de demanda por moeda no Brasil.


A pesquisa empírica adota dados trimestrais desde o primeiro trimestre de 1996 até o terceiro trimestre de 2008. As series temporais utilizadas, disponibilizadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), são levantadas sistematicamente por diferentes instituições, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Banco Central do Brasil e a Fundação Getúlio Vargas.


No capítulo seguinte serão brevemente revisadas as principais teorias a respeito da demanda por moeda. Em seguida discutem-se resultados empíricos encontrados por diferentes autores para a modelagem da procura por moeda. O capítulo 4 apresenta os modelos selecionados e os resultados da estimação e, por fim, apresenta-se as considerações finais no capítulo 5.